A maternidade nos lembra de como viemos a esse mundo: conectados por um cordão umbilical a outra pessoa. Pensar assim nos faz rever o sentido de "olhar para o próprio umbigo" e nos faz enxergar nele um vestígio do propósito de como iniciamos nossa jornada aqui...

Com essas e outras ressignificações de um maternar conectado, tivemos a honra de bater um papo extraordinário com a @maaternorio - que não tinha como não vir parar aqui - na nossa seção de “histórias para inspirar”!

A Marcela Tenório (30) tem experienciado intensamente uma maternidade outdoor, com mais de 45 trilhas no Brasil e exterior com a filha, Gabi. Isso tudo, apenas nos dois primeiros anos de vida dessa pequena viajante. O que aumenta muito mais as expectativas para as próximas aventuras com a chegada da Marina, segunda filha, que já está a caminho (na barriga).

E por falar em caminho, com um olhar de encanto, a Marcela nos contou que esse caminho tão cheio de passagens e de paisagens exuberantes que ela e sua família tem trilhado; passo a passo revela um novo horizonte de descobertas e aprendizados de uma vida ligada à natureza. E, sobretudo, do quanto isso pode trazer novas formas de experienciar a maternidade por meio do estilo de vida outdoor.

Logo, o que surpreende a muitas pessoas que não imaginam que é possível viver e ver a maternidade dessa forma. O faz parte de um senso comum a respeito desse assunto. Descobrimos que, até mesmo para a própria Marcela, isso foi surpreendente e ainda tem sido desmistificado ao longo dessa caminhada.

Ela nos contou que nunca imaginou que viveria experiências tão incríveis, incluindo ser mãe, quando ao conhecer o Fernando, seu marido, decidiu que queria experimentar toda a liberdade que uma vida ao ar livre permite.

Inclusive, essa escolha trouxe consigo, de uma forma muito natural, uma nova percepção do que é viver um verdadeiro lifestyle outdoor com entrega total.

Por isso, ao perguntarmos sobre o grande start da vida da Marcela, ela nos responde que esse foi o ponto que deu uma virada de 180º para que ela se tornasse a mulher, mãe e montanhista que é. E a viver com sua família tudo o que ela vive hoje:

“Quando conheci o Fernando mergulhei no universo outdoor de um jeito que eu não sabia nem que era possível. E digo que não sabia que era possível, porque eu sempre amei natureza, cachoeira... Mas, não tinha ideia que existia todo esse universo das trilhas, do montanhismo, da escalada e de tantas outras práticas que abrangem a experiência com a natureza, né? Não era só viagem para estar perto da natureza, é bem mais do que isso... Só que logo eu engravidei, 3 meses depois que conheci o Fê e a gente já tinha feito planos de viajar o mundo. Então, foi tudo muito rápido e foi muito natural quando a gente percebeu que era seguro levar a Gabi para a natureza.”

Essa transição de vida em uma narração com tanta simplicidade e tamanha verdade de coração nos leva a pensar o quanto esse caminho de dentro da gente vai nos surpreendendo com novas possibilidades à medida que, simplesmente, decidimos percorrê-lo, como feito pela Marcela.

Reflexão que nos toca bastante em relação ao senso de propósito que ela ativa e cabe aqui abrirmos um parêntese: (nós da Galapagos, acreditamos que esse ponto pode levar as pessoas a descobrirem que há mais do que elas imaginam para se explorar - mundo a fora, mundo a dentro). E a maternidade, sem dúvida nenhuma, também pode e faz parte disso com uma conexão genuína.

Dito isso, seguimos conversando e refletindo sobre o quanto há uma necessidade de partilha, em nossa sociedade, de experiências de maternidades como essa. Especialmente, que considera que ser mãe não exclui a possibilidade de uma vida de aventuras, muito pelo contrário, pode ser um caminho ou parte dele para vivê-las.

Assim, com suas inúmeras histórias que incluem perrengues épicos e imprevistos, que ela chama de “alguns problemas de percurso” e podem ser acompanhados no blog da aventura; Marcela compartilha sem filtros que, ainda assim, o contato com a natureza pode ajudar as mães a construírem experiências mais leves.

Para ela, a maternidade conectada à natureza, leva a mãe e bebê a usufruírem de todos os benefícios que, comprovadamente, essa relação pode trazer para a saúde e bem-estar. O que não torna “a vida mais fácil”, mas com certeza mais repleta de serotonina, de momentos de contemplação e conexão - e isso é que traz leveza.

“Eu acho que a parte do maternar mais leve eu ligo muito ela com o bem-estar de quem tá vivendo aquela experiência, né? Então, a gente sabe que se você faz uma caminhada, dá um mergulho no rio, na cachoeira ou no mar, vai te revigorar. Esse contato é muito bem-vindo em nosso corpo, para as nossas células e para produzir serotonina - hormônio da felicidade. Então, em relação a um maternar mais leve, eu acho que todos esses pontos são muito importantes.”

Consciente de que esse é um ponto de vista e que há de considerar e respeitar a perspectiva pedagógica adotada pela mãe/pais para definir, posicionar as várias formas de experienciar maternidades. Nesse sentido, o primordial aqui é saber que esse é um caminho para entender a maternidade por meio do outdoor, E, na verdade, para reconhecer que há nela uma das formas mais poderosas de conexão que já tivemos contato. A umbilical. O cordão que foi rompido, ainda permanece como vestígio: para olharmos e encontrarmos um novo sentido. De que uma das coisas mais essenciais à vida é estar conectado e nutrido, mensagem que a Marcela reforça:

“As crianças são muito mais próximas da natureza do que a gente. Elas, quando bebês, acabaram de sair da natureza em que estavam vivendo, dentro da nossa. Não precisa de mais nada, além de estar aquecido, limpo e bem alimentado. Eu acho que é preciso ter garantido esses princípios básicos. Então, você pode estar com ela (criança) em qualquer lugar. E o que me fez perceber muito isso foi quando a gente fez essa road trip bem grande, do Acre desceu até o Chuí. Aí então, eu lembro que eu vi na Bolívia, mães em lugares muito remotos com bebezinhos recém-nascidos. Mas, a gente nem precisa sair para ver isso, aqui no Brasil também tem (...) E é incrível ver e poder proporcionar essa conexão.”

Com certeza, é inspiradora a forma como a Marcela nos alcança nessa conversa e como também tem alcançado muitas outras pessoas, seja nos encontros presenciais ou nas suas redes e canais no meio digital. A maior motivação da Marcela é incentivar outras pessoas a ter uma atividade que valorize a presença, a conexão entre as pessoas e a natureza. Com todos os desafios que isso representa à forma que, muitas vezes, temos vivido.

 

Sobre isso, confira mais no e-book da Marcela e do Fernando: “Trekking com crianças!”. Link para adquiri-lo aqui.

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